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Concepções e Referenciais Artísticos

As tendências e temáticas que ocorrem no momento em que estas palavras são redigidas influenciam a linguagem e o direcionamento da obra, de modo que o tempo é o presente, o que não significa que o eu lírico, que varia dentre personagens diversos, não conjugue no passado ou no futuro. Para tanto, beirage se fundamenta nas propostas do fractalismo para transcorrer sua poética.

Para além da metáfora da liquidez de Bauman sobre o mundo pós-contemporâneo, vê-se quão fragmentado ele é, feito realidades independentes, específicas que se somam, porém cada uma é uma réplica do todo e, em determinadas escalas, de si mesma. A informação é fragmentada, assim é a comunicação, a linguagem, as relações. Fragmentos. E as redes sociais evidenciam tal fragmentação, funcionando como principal expoente da comunicação. Aqui, no desenvolvimento de beirage, abandonaremos perspectivas excessivamente otimistas ou pessimistas sobre o uso das mídias digitais. Interessa-nos mais as nuances do fenômeno, e o que pretendemos extrair da interação com o público.

Em síntese, “fractal” é uma figura geométrica complexa cujas propriedades, em geral, repetem-se em qualquer escala. O termo foi criado a partir do latim fractus, que significa fragmento, em 1975 por Benoît Mandelbrot, matemático francês nascido na Polônia, que descobriu a geometria fractal na década de 70 do século XX. Já a concepção artística (fractalismo) brotou na última década do século XX, derivada do conceito matemático, considerando a geometria fractal como uma nova estética. Eva Neuer propõe que um pouco de tudo está contido em cada coisa, “isto implica que mudar a si mesmo, muda o mundo”. Segundo o Manifesto do Fractlaismo: “Resulta fractalista aquel que:- Siente que todo el mundo está contenido en sí mismo, hoy. Que está en sí todo lo que es, lo que fue y lo que será, lo que pudo ser y lo que no será. Lo tangible y lo intangible, y lo que cualquiera imaginó o imaginará. Siente que somos todo lo que hay, que no somos separables del todo; y lo que hubo, que está presente en nosotros como producto; y lo que habrá, que es nuestro potencial. Y también lo que no habrá, por nuestra voluntad u omisión. - Siente que cualquier cambio en sí mismo aparece y se reproduce automáticamente en cual-quier otra escala, incluida la del mundo; que la vía para cambiar el mun-do es cambiarse uno mismo. Sea uno consciente de ello y lo use, o no. Sabe que el cambio global no requiere sumatorias de individuos, ni sis-temas organizativos o normativos, sino que pasa por el trabajo interior. Manifiesto del fractalismo, 2000. Uruguay”, Eva Neuer.                                                                      

 A Literatura Fractal surge a partir da publicação de Manifesto fractal, em 2002 por Héctor Piccoli, com a proposta de resgatar o ritmo e a musicalidade do ver-so poético e fazer do poema a arma duma revolução contra a monotonia e impassibilidade em que vive grande parte da sociedade diante dos acontecimen-tos. Nesse ínterim, a poesia assume que é indissociável de sua época, dos epsódios e de seu contexto antropológico, passa a ter um caráter político, sendo veículo de denúncias e manifestos, porque a poesia, além de ser a voz de um povo, é ferramenta de transformação e interação social.

Quando compreendemos que uma parte de tudo o que está contido no universo, está contido em nós, nos sentimos conectados, partes que integram uma única coisa. Isso nos responsabiliza por nossas ações, faz vermos que as decisões têm desdobramentos, consequências; inclusive ao que se refere da vida social. O que tem de inovador nisso? Nada. Enxergar através do prisma da fractalidade nada tem de inovador. Mas Beirage não propõe uma inovação, mas sim uma reflexão além explorar este conceito recente.

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